sexta-feira, 11 de julho de 2014

O Cheiro de uma tarde...


Houve um tempo em que a poeira era livre;
Eram seus filhos marcas pelo caminho;
A cada sopro do céu um novo seguir;
Pois o escuro dava forma e o respiro vida;

O dia era como uma lua branca;
Era em si, uma era de aliança;
O sol descia ao encontro da terra mansa;
E tampouco pedia, talvez uma olhar de criança;

A chuva que corria acalentava o rosto que a admirava;
Escorria em lagrimas o amor;
Lendo as estrelas tudo esmiuçava;
Visao que se firma no Autor;

Oro por este olhos;
Que inicida neles a luz do pequeno;
Que seja, que veja o invisivel;
E no retrato da tempestade seu rosto possa surgir...

"pois é a partir da grandeza e da beleza das criaturas que, por analogia, se conhece o seu autor." (Sb 13,5)

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Anômalo



Do fato
Do pensar sobre, fico estarrecido,
Me dói saber que o que tenho não é meu,
Um sentir que some mas não dorme


Da verdade
Do elevar os olhos pro dia, caminho e me formo,
Tenho a descoberta a cada esperar, um infortúnio,


Do luzeiro
Do deixar-se para, me almejo,reconstruo,
Embora a angústia seja escura, sua extensão é clara,
Um perecer na noite, que é entendimento relutante,


Do por vir
Dou-me ao que é
Faco-me do verbo
Esqueço-me, conjugo - o, é graça
Por fim?

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Descalço posso sentir...



Saido de onde a palha amortece,
A criança brinca sob a chuva,
Seus pés sentindo o calor de uma terra;
Transpiram acordando a vida que adormece;

É lá onde a beleza vem do céu,
E o coração toma a frente dos olhos,
Que o simples mora,
Lá descalço esta a inocência;

Longe de Tudo, gerado, o pequeno adormece,
Lembra-se do antes, do nada, do vazio,
Com um pequeno olhar ante a chuva,
Seu coração emociona: É vida!

Ve agora criaturas pequenas se molharem,
Grandes seres sob as arvores firmando os pés no inverso do firmamento,
No retorno somente a palha molhada,
Deitado pôde sentir o dia correndo em suas veias,
O pinicar da criação,

Cada galho é analogia,
É tempo que passa e o faz seco,
É chuva que alimenta e o faz forte,
Pôde ali imovel, orar,

Como se não houvesse palavras, como incenso,
Deixou-se guiar,
A simplicidade de Tudo que é, fez se conhecer...

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Moldura

Foto de Gabriele Carvalho

Do tempo que se foi, lembro do céu;
Dos dias que vivi, retenho o suave gosto de um dia desinteressado;
O calar grandioso que o vento provocava;
O limiar do cansado e da vontade de correr pela grama. (Livre)

Sera que foi a luz de um astro que nos envelheceu?

Carrego em mim respingos da inocência de outrora;
Relatos tatuados na pele de longos dias ao sol;
Porventura entrego ao futuro meu passado!

Cada arrebol impulsiona o novo;
Faz nascer dias de longos imprevistos;
Nesta manha, porem, espero ver o retrato do que se foi;
 na serenidade de pequenos viventes;
Me encantar com a moldura do horizonte;

E nos dias que virão;
 fazer reconectar a liquidez de dias nublados ao suspirar da vida;
Quanto as marcas, chronos vive;
E o tempo se fez filho e cresceu em mim...

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Poeira e poesia...


Decidiu crer no amor,

Sucumbiu as mortalhas do ego,
Pensou nos afazeres da paixão: "Ardo"
Relatou sua dúvida ao silêncio:
Por que tanta indecisão?

Sabe aqueles dias, que tudo parece falar?
Tudo deixa um sentido, um gole de rumo,
Sim, é nesses dias que o vento deixa de ser vento,
Que o ar passa a ser mensageiro, guia,
E quando isso acontece, as respostas flutuam;

- Sois vento do amor por vir, ou  a loucura dissipada?
- Se pensas em lírios, entenda:
- Nada é por si, tudo caminha, tudo gera, tudo vai;

- Se queres amor, deixe de amar
Por acaso podem as rosas controlarem seu perfume?

- Se pensas em rosas, saibas:
- Quer o vento ir, quer o dia brotar,
- A profecia lamenta os olhos fechados,

- Este teu amor move teu corpo, não tua alma,
- O que leva, deve ser vento, desinteresse, entrega.
Como poeira se deixar?

- Para ser mar, seja sertão, um herdeiro do fogo,
- Dissipe então o desejo, o encontre no caminho, na beira do mar,
- Esquece do tempo, todo o céu é aberto, é hoje;

Insano! Sua sina é morte,
Devo ir por mim, amar por querer,
Extasiar.

- Se pensar em tempestade, sentirá:
- Do doar, nada nunca...
- Dessa chuva não faltará,
- Desses raios, uma luz, um selo,
     ...
de amor, no peito...